sábado, 25 de julho de 2009




















Baile no terreiro


Lua cheia entra a rodos
não bole uma aragem
em carreiro a descoberto
velhas e moças acodem
ao compasso liberto
acordes de fole sacodem

Fez-lhe sinal com a cabeça
velhacaria sôfrega de moço
comprime-lhe os seios e as coxas
no píncaro da apoteose
tancha -lhe as unhas no dorso
dançam em osmose

de pousio e destronada
em cadeira de bunho sentada
aperta o lencinho na mão
geme a concertina confinada

decepada e sem tino
numa aparição divina
sob as garras do destino
na rua estreita redimida
um vulto apodera-se de si

em devasso reagir
atira-se de corpo á ausência 
era a sua própria
sombra 

Júlia Acabado


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